Por Fredi Jon
No século XXI, a arte deixou de ser apenas reflexo da sensibilidade humana para se tornar também um campo de disputa diante de três forças que moldam a vida contemporânea: a tecnologia, a política e a crise climática. O artista de hoje, e mais ainda o de amanhã, já não enfrenta apenas a página em branco ou o palco vazio, precisa lidar com algoritmos que produzem em escala industrial, com políticas que tentam instrumentalizar a cultura e com um planeta em estado de urgência ambiental.
O impacto da tecnologia: entre excesso e presença
Com inteligências artificiais criando músicas, quadros e textos, a criação artística se vê pressionada a redefinir seu valor. “O que importa não é mais quem fez, mas quem responde pelo impacto do que foi feito”, comenta a pesquisadora cultural fictícia Marina Salles. Para ela, a autoria cede lugar à responsabilidade e à transparência.
Nessa avalanche de conteúdos digitais, ganha força aquilo que não pode ser copiado: a experiência ao vivo, a vulnerabilidade de uma performance, a presença do corpo diante do público. “O futuro da arte não será competir com máquinas, mas mostrar o que elas não podem dar: erro, fragilidade, silêncio”, afirma o músico e performer Renato Lira.
É nesse ponto que a serenata, tradição aparentemente anacrônica, reaparece como símbolo. Em vez de algoritmos, ela oferece encontro; em vez de aceleração, pausa; em vez de consumo, memória. O músico, e pesquisador Fredi Jon, à frente da trupe Serenata & Cia, resume: Uma serenata não é só música. É um gesto de presença. Num tempo em que tudo pode ser replicado, o irrepetível é chegar diante de alguém e cantar para ele.
Política e cultura: entre censura e resistência
O campo político também redefine o espaço da arte. Se de um lado há censura velada, seja em algoritmos de plataformas ou em pressões econômicas, de outro cresce a instrumentalização de projetos culturais como vitrines de governos e empresas. O risco é a obra transformar-se em peça publicitária.
Em resposta, coletivos e artistas independentes buscam novas práticas: governança horizontal, assinaturas coletivas, ações comunitárias. Nesse contexto, a serenata também se converte em ato político, ainda que discreto. “Quando você canta no portão de alguém, está dizendo: ‘a sua vida importa’. Isso é resistência contra um mundo que tenta nos reduzir a números”, reflete Fredi Jon.
Clima em colapso: a estética da urgência
Nenhum desafio é tão físico quanto o climático. Obras e patrimônios ameaçados, turnês inviabilizadas por deslocamentos caros e poluentes, cenografias que precisam de materiais sustentáveis. A arte, nesse contexto, deixa de ser apenas discurso e passa a ter que encarnar coerência.
A curadora Ana Figueira lembra que muitos artistas já transformam o reuso de materiais e a economia de energia em linguagem estética. “O gesto técnico virou argumento moral. Não basta falar do colapso climático, é preciso produzir dentro dele.”
De novo, a serenata surge como linguagem adaptada ao tempo: não exige megainfraestrutura, não depende de palcos monumentais, não produz resíduos. “A serenata é a arte mínima que gera o máximo de impacto afetivo. É quase ecológica por natureza”, observa Fredi Jon.
O que restará humano?
Apesar da pressão dos algoritmos, da política e do clima, especialistas convergem em um ponto: a arte só continuará relevante se assumir aquilo que a máquina e o sistema não conseguem simular. Contradição, atenção radical, corpo presente, cuidado e percepção humana.
A serenata, nesse cenário, ganha uma inesperada atualidade: recorda que o humano sobrevive quando canta diante de outro humano. “Depois de 25 anos fazendo serenatas, aprendi que não é a canção perfeita que marca, mas o olhar emocionado de quem recebe algo que o tocou de verdade. Essa realidade nenhuma tecnologia poderá roubar”, conclui Fredi Jon.
Em um planeta exausto, o artista do século XXI será lembrado não por competir com tecnologias ou governos, mas por preservar essa centelha de humanidade. Sua missão é clara: – ensaiar formas de viver com verdade e olhar humano, antes que seja tarde demais.
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